O que mudou na sua área de atuação com o surgimento do vírus?
“Mudou muita coisa! Nossa roupa, por exemplo, a paramentação toda é obrigatória; usamos uma roupa privativa, que só pode ser utilizada no hospital, além de máscara, gorro, óculos de proteção, é tudo obrigatório.
Outra mudança é o fato de tratarmos todo paciente como suspeito de Covid, porque ele da entrada no posto com um diagnóstico e no outro dia faz uma tomografia e se confirma como mais um caso de coronavírus. Então, hoje para a área da saúde, todo paciente é suspeito.
Qual sua rotina agora, que está prestando serviços para uma empresa privada?
“Eu fui contratada especialmente por causa da pandemia. Todas as empresas com um número significativo de funcionários foram orientadas a terem um profissional da saúde para verificar diariamente, pelo menos a temperatura dos funcionários, já que a febre é o sinal mais influenciador do Covid-19.
Minha rotina é basicamente essa, confiro a temperatura de cada funcionário e caso ele apresente mais de 37°, a orientação é que ele procure atendimento hospitalar. Não é necessariamente covid, mas ele fica impedido de trabalhar.”
Você utiliza o trem para chegar a empresa, certo? Qual impressão você tem sobre as medidas que a CPTM está tomando para contra o vírus? Acha que estão sendo efetivas?
“Não estão sendo nada efetivas. A única ação tomada é o uso obrigatório de máscaras, que foi imposto pelo governo, não pela CPTM. A lotação usual continua a mesma, não existe álcool para os usuários, nem marcação no chão para indicar o distanciamento, como tentativa de evitar aglomeração. Na realidade não mudou nada, continua tudo do mesmo jeito.”
E quanto aos usuários, como profissional, você identificou alguma irresponsabilidade?
“Sim, muita! Infelizmente algumas pessoas acham que o vírus não é real e só utilizam a máscara por obrigação, e ainda nem usam corretamente. O decreto de usar a máscara existe, mas poucas pessoas vão atrás de saber como tem que usar. Tem gente que usa no queixo, na orelha, em todos os lugares, menos da maneira correta. Ainda existe muita descrença em relação a doença.

Qual seria então, a maneira correta de utilizar a máscara no transporte público?
“A máscara tem cobrir o nariz, a boca e o queixo. A gente sabe que o vírus pode contaminar por esses lugares, inclusive olhos, tanto que para quem usa óculos é uma proteção. Essa é a maneira correta.”
E o fluxo de passageiros nos trens, está aumentando depois de quase três meses de quarentena?
“Sim, esta. Estava menor no começo, mas as pessoas estão voltando a trabalhar, está quase normal já.
E dessa forma, você acha que as pessoas estão mais em risco?
“Eu acho que ainda não existe segurança, temos que continuar com o uso da máscara sempre que sair na rua, de preferência sempre higienizar as mãos com álcool. Segurança em relação ao vírus por enquanto não. Ele ainda está no ambiente, não existe tratamento ou vacina pra ele. Por isso o uso desses materiais vai continuar por um bom tempo.
E como profissional, como você se sente no meio de tudo isso? Além do transporte público, o contato diários com as pessoas na empresa?
“O que eu faço é tentar manter as medidas padrão de precaução ao contato físico, mas ainda tem esse contato, mesmo com a vestimenta específica para isso. Mas não é 100% eficaz, a empresa tem muita gente e no transporte também. Não da ainda para ficar totalmente seguro.”
Quais medidas você toma ao chegar em casa, para não expor a família ao risco?
“Eu entro em casa pela lavanderia, já tiro a roupa e sapato lá e vou direto para o banho. E essa roupa não entra em casa, já fica lá para lavagem. Moro com meu marido e filhos, e apenas eu e meu marido saímos. Nosso medo é levar o vírus para a casa, mas nós temos feito todo esse procedimento e tem dado certo até agora, mas a preocupação ainda é grande.”
Se sentiria mais segura se fosse usuária de veículos próprios? Em que sentido o transporte público não te faz sentir essa segurança?
“Com certeza, o transporte público nunca foi bom. Ele poderia ser mais rápido né, para evitar superlotação nos trens, poderia ainda ser mais higiênico, a empresa poderia melhorar isso, mas infelizmente não muda. A superlotação ainda existe.”
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